quarta-feira, 13 de julho de 2016

Sonda Juno envia primeira imagem após entrar na órbita de Júpiter

A sonda da americana Juno enviou para a Terra sua primeira foto de Júpiter desde que, na semana passado, entrou na órbita do maior planeta do Sistema Solar.Júpiter e três de suas luas principais
Júpiter e três de suas luas principais
Foto: Júpiter e três de suas luas principais
A imagem mostra Júpiter parcialmente iluminado pela luz do sol, junto com três de suas chamadas grandes luas - Io, Europa e Ganímedes. O outro quarto grande satélite natural, Calisto, está fora do enquadramento.
A foto foi tirada no domingo, quando a sonda estava a 4,3 milhões de quilômetros de distância do planeta.
Juno está atualmente ganhando distância do planeta em sua órbita, mas voltará a se aproximar dele em agosto, o que possibilitará imagens melhores e mais detalhadas.
Sonda Juno chega a Júpter
Sonda Juno chega a Júpter
Foto: BBC / BBCBrasil.com
No momento, os cientistas estão satisfeitos em saber que o equipamento da sonda está funcionando depois de enfrentar o ambiente altamente radioativo de Júpiter durante as manobras de inserção na órbita, em 5 de julho.
O comando da missão está testando todo os instrumentos de Juno para checar seu status. A sonda passará por meses de calibragem e ajustes do equipamento antes de começar o período mais "sério" de estudos de Júpiter, em outubro.
Será o mês em que a sonda fará uma nova manobra que a colocará em uma órbita mais próxima ao planeta, durante 14 dias. A espaçonave dará 30 voltas ao redor de Júpiter, e em muitas das passagens ficará a menos de 5.000 km de distância.
Na imagem enviada para a Terra, ficam evidentes as camadas atmosféricas de Júpiter. Também pode-se notar a Grande Mancha Vermelha - uma tempestade de proporções colossais que há centenas de anos ocorre no planeta gasoso.
Nos próximos 18 meses, Juno tentará entender como Júpiter "funciona". Os cientistas querem estudar o interior do planeta. Suspeita-se que sua estrutura e composição química contêm pistas fundamentais sobre a formação do planeta, há 4,5 bilhões de anos.
Juno deve orbitar ao redor de Júpiter mais de 30 vezes
Juno deve orbitar ao redor de Júpiter mais de 30 vezes
Foto: Nasa
O veículo da Nasa, a Agência Espacial Americana, completou com sucesso uma arriscada manobra de 35 minutos que deixou os cientistas com os nervos à flor da pele: acionar motores para frear a sonda e permitir que fosse atraída pela gravidade do maior planeta do Sistema Solar.
"Juno, bem-vindo a Júpiter", gritavam os cientistas no centro de controle de missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), em Pasadena, na Califórnia, mal a sonda emitiu "batimentos" - sinais sonoros - confirmando o sucesso da operação.
"Estou muito emocionado. Toda a equipe está emocionada. Foi uma jornada incrível", disse o líder da equipe, Scott Bolton.
"Finalmente, estamos lá. Júpiter é o rei do nosso sistema solar, o maior (planeta). Queremos ver o que contém, como se formou, conhecer seus verdadeiros segredos. Mas esses segredos são bem guardados por Júpiter."
A missão custou U$ 1,1 bilhão e tem como objetivo desvendar os mistérios sobre a origem e evolução de Júpiter, na expectativa de se aprender mais sobre a formação de outros planetas.
A sonda é batizada em referência à mitologia greco-romana, segundo a qual Júpiter se rodeou de um véu de nuvens para esconder sua maldade. Foi a mulher dele, a deusa Juno, quem conseguiu adentrar esse véu e revelar a natureza real de Júpiter.
Como na mitologia, Juno deu nas primeiras horas desta terça-feira o primeiro passo para penetrar as espessas nuvens de Júpiter - onde passará 18 meses analisando informações.

Segredos de Júpiter


Júpiter é 11 vezes maior do que a Terra e tem 300 vezes a massa de nosso planeta. O planeta precisa de 12 anos terrestres para completar uma volta em torno do Sol, mas um dia em Júpiter é equivalente a apenas dez horas na Terra.
Nas próximas semanas, a sonda deve enviar mensagens da missão pioneira - diversos equipamentos tiveram de ser desligados na terça-feira em preparação para a arriscada manobra que colocou Juno mais próxima de Júpiter.
Os cientistas acreditam que Júpiter foi o primeiro planeta a se formar após o Sol, e eles esperam que isso dê pistas sobre a formação de outros planetas.
A missão visa descobrir se há um núcleo sólido ou se os gases simplesmente se comprimem em um estado mais denso no centro do planeta.
Também deve fazer novas descobertas sobre a Grande Mancha Vermelha - a tempestade colossal que já dura centenas de anos no planeta. Juno deverá esclarecer qual a profundidade desta tempestade.
Juno é apenas a segunda sonda a entrar na órbita de Júpiter. A sonda Galileo passou oito anos pesquisando o planeta e suas muitas luas. Mas, exceto por um veículo lançado de paraquedas na atmosfera de Júpiter, a Galileo não tinha as ferramentas que Juno tem para analisar o que acontece abaixo das nuvens do planeta.

'Armadura'

Mas mesmo tendo cumprido a delicada missão de entrar na órbita de Júpiter, a sonda vai entrar em um ambiente hostil e desconhecido.
Para enfrentar esse desafio, a sonda Juno carrega seus elementos eletrônicos mais sensíveis e sistemas de controle dentro de uma caixa de titânio de paredes espessas.
A engenheira do JPL Heidi Becker afirmou que o sucesso da missão vai depender totalmente da proteção que a sonda Juno recebe de sua "armadura".
"(Sem isso) Juno enfrentaria uma radiação de mais de 20 milhões de rads, que é como se um ser humano fizessem cerca de 100 milhões de radiografias dentais em pouco mais de um ano", afirmou.
Nenhuma outra sonda movida a energia solar funcionou tão longe do Sol e por isso Juno tem painéis tão grandes
Nenhuma outra sonda movida a energia solar funcionou tão longe do Sol e por isso Juno tem painéis tão grandes
Foto: Nasa
Mas a sonda da Nasa só conseguirá obter os dados que os astrônomos querem quando chegar a 5 mil quilômetros acima da capa de nuvens - nunca uma sonda vai ter chegado tão perto de Júpiter.
Uma das buscas mais importantes de Juno será determinar a abundância de água na atmosfera, um indicador de quanto oxigênio havia na região do Sistema Solar onde Júpiter estava quando se formou.
A entrada em órbita da sonda colocará Juno em uma grande elipse em volta do planeta, que deve precisar de cerca de 53 dias para completar uma volta inteira.
No meio do mês de outubro, deve ocorrer uma segunda frenagem da sonda para diminuir a órbita para apenas 14 dias. E é a partir daí que as grandes descobertas devem começar.
A Nasa planeja continuar com essa missão até fevereiro de 2018.
O controle na Terra então dará ordens para que a Juno encerre suas operações e caia na atmosfera do planeta.
Um dia em Júpiter dura 10 horas terrestres
Um dia em Júpiter dura 10 horas terrestres
Foto: Nasa
Fonte: https://noticias.terra.com.br/

Anel de neve gerado por explosão estrelar é registrado pela 1ª vez

Um supertelescópio no Deserto do Atacama observou pela primeira vez a formação de um anel de neve após a explosão de uma estrela.


O Telescópio Alma (sigla para Atacama Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array) fica a 5 mil metros de altitude e mostrou com detalhes o surgimento da camada de neve na estrela V883 Orionis.
O anel de neve se formou a uma distância maior do que o normal, o que possibilitou a observação
O anel de neve se formou a uma distância maior do que o normal, o que possibilitou a observação
Foto: NRAO/AUI/NSF / BBCBrasil.com
Segundo os cientistas responsáveis pelo telescópio, o anel de neve se formou dentro do chamado disco protoplanetário - material denso formado de gás e poeira que circunda estrelas novas e é responsável pela formação de planetas.
A descoberta, publicada na revista cientifica Nature, pode ajudar nas pesquisas sobre a formação e evolução dos planetas.
Os cientistas acreditam que essas explosões sejam um estágio da evolução da maioria dos sistemas planetários - ou seja, esse pode ser apenas o primeiro registro de um fenômeno relativamente comum.

Temperatura

O anel de neve marca o local do disco onde ocorreu uma grande queda de temperatura.
Com o aumento na luminosidade da estrela, a parte interna do disco esquentou, empurrando esse anel gelado para uma distância dez vezes maior do que o normal para uma estrela em formação, o que teria possibilitado a observação do fenômeno pela primeira vez.
Explosão da estrela V883 Orionis levou ao fenômeno
Explosão da estrela V883 Orionis levou ao fenômeno
Foto: ALMA / BBCBrasil.com
O resultado é que dentro dos discos há vapor de água, que na parte externa dos anéis congela em forma de neve.
Essas linhas que são importantes porque definem a estrutura e arquitetura básica dos sistemas planetários como o nosso. Elas normalmente estão localizadas a uma distância de três unidades astronômicas da estrela - cada unidade astronômica corresponde a 150 milhões de quilômetros.
Mas na observação feita pelo Alma na V883 Orionis o anel de neve está localizado a mais de 40 unidades astronômicas da estrela central, o que teria facilitado a identificação do fenômeno.
Como se trata de uma estrela em estágio de formação, as explosões provocam temperaturas altíssimas e muita luminosidade por causa da transferência de material do disco para a parte interna do astro.
Essa temperatura alta teria esquentado o disco, o que afastou o anel de neve a uma distância maior do que o normal.
"Os registros do Alma vieram como uma surpresa para nós. Nossas observações foram feitas para identificar fragmentos dos discos que poderiam nos ajudar nas pesquisas sobre a formação dos planetas. Não vimos nada disso, mas em contrapartida encontramos o que pode ser um anel a 40 unidades astronômicas", afirma o cientista responsável pelo estudo, Lucas Cieza.
Na estrela solar - que deu origem ao nosso sistema Solar -, esse disco protoplanetário estava entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Isso explica porque os planetas mais rochosos (como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) se formaram dentro do disco, enquanto os planetas mais gasosos (como Saturno, Urânio e Netuno) se formaram do lado de fora.
Fonte: https://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco